Thursday, 27 September 2007
Vício
Ela sai a meio da noite para comprar mais uns cigarros
Trás uma garrafa para amolecer o corpo denso
Vai cambaleando devagar por entre os carros
Usa o perfume canela de cheiro intenso
Ela tem os olhos sujos da pintura que borrou
E a roupa é a mesma que ontem usou
Conheci-a nessa loja e engracei com ela
Ela quer um corpo onde perder o juízo
Como te chamas? Chamo-me Daniela e eu "contigo simpatizo"
Jantámos no outro dia perto do casino
Ela foi gastar dinheiro num vestido bem justinho
Pintou o cabelo e as unhas de vermelho
E antes de sairmos olhou-se bem no espelho
Só mais um jogo, um copo e outro traço
Agarra-me na esquina e eu não escondo o embaraço
Pago o hotel, ela já perdeu o juízo
Quer o quarto vermelho e eu "contigo simpatizo"
Tem públicas virtudes e muitos vícios privados
E nessa noite acabámos de corpos bem anestesiados
Tudo o resto para ela não passa de suplícios
Esse mundo é o dela
O seu vício de ter vícios
Ela tem os olhos tristes com a pintura que borrou
E a roupa é a mesma que ela ontem comprou
Acordei naquele quarto e de mim me despedi
Tentei sair dali mas não consegui
Daniela, eu não fui cauteloso
E o meu vício és tu e o teu ciclo vicioso
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